Você gosta de milho de pipoca? Antes de responder que adora, note bem que estou perguntando sobre milho de pipoca e não da pipoca. A pipoca todo mundo ama, um excelente acompanhamento para um cineminha ou um filminho em casa, ou para compartilhar aquela ansiedade durante o jogo do seu time. Claro, aquela flor branca, cheirosa, crocante e bem temperada, quem não gosta?
Agora, milho de pipoca não. As pessoas não gostam do milho de pipoca, mas sim do que o milho de pipoca se torna depois de passar pela panela. Bem este processo de transformação exige que o milho passe pela ação do calor, o fogo que esquenta a panela. A pressão interna do milho aumenta com o calor até que ele explode e vira do avesso, se transformando no que ele está destinado a ser, a pipoca.
Todos nós nascemos milho e estamos destinados a nos transformarmos em pipoca. Só que esta transformação deve acontecer pela ação do fogo, esta é a parte dolorosa da história. Empreender, na minha opinião, representa este fogo. O processo de empreender é tão intenso, e muitas vezes bem doloroso, que a pessoa se transforma profundamente em seus valores, seu jeito de pensar, agir e ver o mundo, o empreendedor é uma pipoca.
Agora, como dizia Rubem Alves, de quem estou emprestando esta metáfora, nem todo milho que passa pelo fogo se transforma em pipoca. Infelizmente existem os piruás. O piruá é o milho que passa pelo processo e se recusa a estourar, continua milho, só que nunca mais vai se transformar em pipoca. O seu destino é o lixo.
Algumas pessoas querem empreender, passam por todo o processo, enfrentam o calor, a pressão constante, mas não estouram. Se prendem a seus paradigmas, suas ideias pré-concebidas, se recusam a aceitar novas realidades, as circunstâncias que lhe são apresentadas durante a aventura empreendedora, se amarram ao seu plano de negócio e tentam executá-lo a qualquer custo, ignorando as ameaças não previstas e as oportunidades emergentes. Resultado: Não se tornam empreendedores. Infelizmente muitos executivos experientes, muitos profissionais competentes, muitas pessoas bem sucedidas em suas carreiras, quando tentam empreender, julgam que todas as competências que dominam e todo o conhecimento e experiência que adquiriram é suficiente e não querem aceitar o novo, se recusam a aprender. Se recusam a estourar.
Não pense que um negócio que fracassa torna o empreendedor um piruá. Fracassar faz parte, é o calor em ação. O empreendedor que toma o fracasso como aprendizado e tenta de novo está se transformando em pipoca. O piruá é o empreendedor que desiste, que não enfrenta o medo, que acha que não é capaz e que empreender não é para ele. Pode ser transformar em pipoca em outra carreira, mas como empreendedor será um piruá.
E você, é pipoca ou piruá?
Por: Marcos Hashimoto*
Fonte: Canal do Empreendedor
(*) Doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Atuou como professor do Insper, FGV, FAAP, ESPM, e é colaborador da Endeavor. Foi professor mentor do programa REE Fellows, da Universidade de Stanford.
Nenhum comentário:
Postar um comentário