segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Aceitar um PDV pode comprometer o currículo?

Por: Karin Parodi - Responde

Trabalho há três anos em uma empresa que, recentemente, anunciou um plano de demissão voluntária ou incentivada (os famosos PDV ou PDI). Embora tenha 38 anos de idade, não tenho mais muitas perspectivas nessa organização. Sinto que fui colocado meio de lado e, desse modo, estou inclinado a aceitar o acordo. Minha dúvida é como as outras empresas veem um profissional que aceitou entrar em um plano como esse. Vou sofrer para conseguir outro emprego da mesma forma que uma pessoa que foi demitida ou essa condição é um pouco melhor? Como essa passagem vai entrar no meu currículo e como devo explicá-la em futuras entrevistas de emprego?
 
Consultor, 38 anos
 
 
Resposta:
 
A grande maioria das empresas quer talentos, seja os de outras empresas, seja os disponíveis no mercado - especialmente se eles tiverem entre suas competências a de autodesenvolvimento e a de gestão da carreira. Por isso, não se preocupe tanto em como vão interpretar sua decisão de demissão voluntária em um currículo ou em uma entrevista de emprego. Fazer um intervalo entre uma empresa e outra é cada vez mais comum no mundo corporativo. Concentre-se mais no futuro que vai construir.
 
Se fizer isso, você naturalmente terá uma atitude positiva, sentirá segurança quanto ao que decidiu e mostrará tudo isso em seu discurso e nos contatos que mantiver - a naturalidade importa muito; a autenticidade é uma das coisas que o outro lado mais testa. Existem empresas que ficam inseguras na hora de contratar profissionais em transição, mas a maioria não pensa mais dessa maneira: elas preferem profissionais que tomam em suas mãos a gestão de suas carreiras. Quando você diz que optou por sair de uma empresa em um programa de demissões voluntárias, foi isso que você fez. Assim, aja naturalmente. Isso significa falar dos desafios que você busca e que, infelizmente, esgotaram-se na antiga empresa.
 
Comecei respondendo o que você perguntou, mas não acredito que essa seja a questão mais relevante. O que me chamou a atenção foi você ter sido tão rapidamente colocado de lado na empresa atual, o que, em teoria, faz com que seja um potencial demitido em um futuro não distante. Qual a razão de isso ter acontecido?
 
Essa reflexão é importantíssima. Sem ela, será difícil evitar que, no futuro a ser construído a partir de agora, a mesma situação se repita. Pelo que deduzi, você não sabe exatamente as causas disso, nem se mexeu para mudar as consequências - buscando algo novo dentro ou fora da organização, ou mudando alguma coisa em si. É isso mesmo? Em caso afirmativo, por que você não se mobilizou para entender, com seu gestor direto, o que estava acontecendo e tentar virar o jogo? Você deve essas respostas a si próprio.
 
A escolha é sua, embora a empresa em que você está trabalhando pareça já fazer parte do seu passado. Uma vez tomada a decisão, é preciso se preparar para conversar com o mercado, mostrando dados e fatos relativos aos seus diferenciais competitivos.
 
Quero ressaltar uma característica que enxergo em você, mais valiosa do que parece ser: bom senso. O fato de você ter considerado aderir a um PDV ou PDI é uma prova disso. Outro atributo seu é que você consegue enxergar que sua vida profissional está estagnada, sem realizações ou reconhecimento. Em suma, você andou metade do caminho ao entender que a empresa não se mostra interessante para você no futuro, nem você se mostra interessante para a empresa. Isso é autoconhecimento e conhecimento do contexto.
O PDV, ou o PDI, pode representar uma oportunidade de alçar novos voos em sua carreira e tudo parece conspirar a favor disso. Mas a decisão é sua, e fazer escolhas nunca é fácil. Trata-se de uma posição que sempre nos leva a abrir mão de algo e que, em um primeiro momento, tem desdobramentos desconhecidos. Mas a vida é e sempre será repleta de escolhas. Essa é a graça.
 
 
Karin Parodi é fundadora e sócio-diretora da Career Center e presidente da Arbora Global


Fonte: Valor Econômico - Carreira
25/11/2013

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Gabaritos - Simulado Interdisciplinar - 2013/2

Caros alunos,

Os Gabaritos do Simulado Interdisciplinar do Curso de Bacharelado em Administração - Novembro/2013 já estão disponíveis.



Acesse abaixo:

Dicas para preparar um currículo eficaz

Em tempos de redes sociais e Google, os tradicionais CVs continuam tendo seu valor

Hoje em dia, dificilmente alguém é chamado para uma entrevista de emprego apenas por causa do currículo. Até porque, mesmo que o documento chegue de um remetente desconhecido na caixa de entrada de um gestor disponível a novos contatos, em um raro dia tranquilo e o agrade, mesmo assim, a primeira coisa que ele fará ao terminar a leitura é “dar um Google” no candidato.

Ainda assim, o currículo continua sendo uma ferramenta útil para profissionais, em geral. É claro que quanto mais alto o cargo em questão, mais chances de o candidato ser uma indicação de alguém de confiança ou de ser encontrado no mapeamento de mercado feito por headhunters. Porém, mesmo nesses casos, o CV é um documento de apoio importante, uma “peça de marketing do profissional”, como afirma Karin Parodi, sócio-fundadora da consultoria Career Center. “Um currículo organiza os dados e fatos da sua trajetória de carreira e disponibiliza os contatos para que seja encontrado”.

Também não adianta caprichar na descrição e não cuidar da sua imagem ao longo da carreira. Em tempos de rede social, é difícil ter segredos no mundo corporativo. “A pessoa pode ter um currículo lindamente escrito, mas se não souber ‘se vender’ pessoalmente ou se não tiver uma boa reputação no mercado, não será chamada”, afirma Irene Azevedo, consultora de carreira da LHH/DBM.

As redes sociais, especialmente o profissional Linkedin, são ferramentas complementares para divulgar suas informações de carreira – “e é preciso usá-las, é estratégico”, afirma Karin, da Career Center. Porém, elas não substituem o bom e velho CV. “É um material de apoio padrão para os recrutadores, que deve estar sempre atualizado”.

Joseph Teperman, sócio da consultoria Flow Executivo Finders, diz que só de bater o olho em um currículo, já é possível sacar algumas características do candidato. "Desde a diagramação e a fonte que escolheu até o conteúdo que conta se a pessoa fala inglês ou não, se já trabalhou em muitas empresas e os cargos que ocupou”. Dependendo da extensão do currículo, Teperman também prevê o tempo de duração de uma possível entrevista pessoal. “Se o candidato escreve oito páginas, é sinal de que a conversa vai ser interminável”, diz ele. “Fica claro que é alguém prolixo”.

A seguir, as principais dicas para você preparar o seu currículo. 


1. Se for prolongar o assunto, tenha um bom motivo. 

Em geral, um CV não precisa ter mais do que duas páginas. Ir direto ao ponto e saber sintetizar as informações são características que dizem muito sobre o candidato, pois já dão uma ideia ao empregador da forma que o profissional traduz e organiza as ideias. 


2. A ordem dos fatores pode alterar as impressões. 

Há dois tipos básicos de currículo: os cronológicos e os funcionais. Os cronológicos ainda são os mais tradicionais, usados pela maioria das empresas e dos profissionais.

Basicamente, ele segue uma ordem cronológica dos fatos.

a) No alto da página, próximo ao seu nome, devem estar seus contatos: e-mail e telefones. “O endereço não é necessário”, diz a consultora. “Como hoje em dia muita gente disponibiliza o currículo na internet, sugiro que não coloque essa informação como forma de manter a segurança”. 

b) Coloque as informações adicionais: idade, cursos além da graduação e pós-graduação. “Inclua apenas os que concluiu há até seis anos, no máximo”, afirma Karin. Nesse item também podem entrar a nacionalidade, o estado civil e se tem filhos.

c) Objetivo: descreva o cargo específico que pretende ocupar. “A dica é não ampliar muito as opções”, diz Karin. “Porque um potencial empregador quer saber em qual atividade você é mais forte”.

d) Resumo das qualificações: como diz o nome, aqui vai uma breve descrição dos segmentos pelos quais o profissional passou, das principais áreas que contribuiu e a formação, sem citar a faculdade. “Se tiver um MBA internacional muito expressivo, pode entrar também”, diz Irene, da LHH/DBM. “É só para a pessoa que lê ter uma ideia de quem é aquele profissional. Ao longo do currículo, a pessoa vai aprofundar em cada item”. 

e) Em experiências anteriores, liste as empresas em que trabalhou em ordem cronológica inversa (isto é, a mais recente no alto, seguida das anteriores), o nome do cargo que ocupou e um resumo das principais atividades realizadas. É importante ressaltar o que conquistou e contribuiu, de fato, enquanto esteve lá. Vale contar, sempre em poucas palavras, os principais projetos dos quais participou e seu papel no grupo. “Algumas pessoas escrevem que fizeram sozinhos um projeto e, quando vai entrevistar, você vê que ele participou ou mesmo liderou um time”, afirma Teperman. “Esse tipo de coisa pega mal. Então, é importante deixar clara sua participação real no trabalho”.

f) Formação acadêmica: relate os cursos de graduação e especializações que fez, com os nomes das instituições de ensino e os anos de conclusão. 

g) No tópico idiomas, deixe claro qual seu nível em cada língua citada. Exemplo: inglês fluente e francês básico. Neste item, vale a mesma atenção recomendada na parte das realizações: atenção à sinceridade. “É importante saber em que nível a pessoa está de fato para evitar frustrações ou enganos”, afirma Teperman.

h) Citar os hobbies, como esporte que pratica ou atividade artística que aprecia, é comum nos Estados Unidos, mas não no Brasil. Mesmo assim, alguns candidatos optam por incluir no fim do CV suas atividades extra-profissionais, para comunicar outras competências implícitas. “Geralmente quem faz isso são as pessoas que fizeram MBA fora do Brasil”, afirma Teperman. “Afinal, elas tiveram contato com formas de montar o currículo em outras culturas”. Pode valer se o foco do profissional foi trabalhar em uma multinacional americana, por exemplo. 


3. Quando mudar a ordem dos fatores é indicado. 

O currículo funcional é diferente do cronológico em sua forma de ordenar as informações: enquanto um é linear, o outro agrupa as experiências por realizações. O profissional lista os principais feitos ao longo da carreira, sem se prender ao período ou à empresa. “É um currículo mais visual”, diz Karin Parodi. 

Segundo ela, há quatro ocasiões em que a utilização deste modelo é adequada.

a) Quando a intenção é mudar para uma função que não está refletida nos cargos que teve anteriormente. “Às vezes, a pessoa vem de uma área de operações, mas quer migrar para recursos humanos”, diz Karin. Nesse caso, mais atrativo do que listar as funções que já assumiu, é listar as realizações que, mesmo na área de operações, aproximaram-na do universo de recursos humanos. “Por exemplo, ter feito planejamento de carreira de sua equipe ou ter assumido o papel de mentora de alguém”. 

b) Se o profissional ficou algum tempo fora do mercado, também é interessante ordenar as informações de acordo com seus resultados para não chamar a atenção ao período em branco.

c) Também pode funcionar se a pessoa só trabalhou em um segmento e não quer passar uma primeira impressão de ter tido pouca experiência no mercado. 

d) O contrário também vale: quando o candidato pulou de uma companhia para outra e não quer passar uma imagem de instabilidade profissional. Mas atenção: se sua intenção ao escolher o currículo funcional é “maquiar” as informações ou passar uma boa impressão, saiba que esse modelo pode ajudar em um primeiro momento, mas, à medida que o potencial empregador se familiariza com seu conteúdo, todos os pontos precisam ficar claros. “Se a pessoa passou por muitas empresas, o CV funcional pode amenizar um impacto inicial”, afirma Karin. “Mas depois ela vai ter que explicar bem explicadinho porque não teve as experiências prolongadas”. Nem que essa explicação venha na entrevista.


Fonte: Época NEGÓCIOS.
05/11/2013.