sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Valorização profissional

Editorial


A valorização profissional é uma meta perseguida por milhões de trabalhadores, nas diferentes áreas. Na educação a situação não é diferente. Porém, os constantes debates levam à conclusão que a valorização do profissional da educação é uma das bases para que, finalmente, o Brasil possa ter uma educação de qualidade, um dos grandes desafios dos últimos governos e do que assumirá em janeiro próximo. Não há dúvidas de que nas últimas décadas avanços significativos foram alcançados, apesar de haverem ainda grandes problemas no delicado setor. Quando o Brasil foi às urnas pela primeira vez, após o fim do regime militar, os candidatos não precisavam de propostas muito complexas para a área da educação. A construção de escolas e a criação de novas vagas era suficiente pois o Brasil atravessava um péssimo período, em que a educação foi deixada de lado. Construir escolas e oferecer vagas era essencial pelo fato de que cerca de 15% das crianças de 7 a 14 anos não estudavam.

Hoje, a realidade é bem diferente. A de atendimento dessa faixa etária beira os 98%. Constata-se então que houve melhoria no que se refere ao acesso. O desafio agora é garantir educação de qualidade para todos, como apontam especialistas e organizações da área.

Uma das organizações que vem trabalhando nessa direção é o Movimento Todos pela Educação, que defende o fato de que em anos anteriores o foco era na oportunidade de toda criança poder estudar. Hoje esse foco tem que ser na garantia da aprendizagem das crianças. Porem, a garantia da qualidade é muito mais difícil de construir porque não depende de uma caneta. É um grande mosaico de fatores que o gestor precisa levar em conta de acordo com a realidade da escola. Relatório da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconhece que o Brasil deu passos importantes nos últimos 15 anos, mas a educação ainda é uma das áreas mais problemáticas. O desafio é atingir a qualidade. Não há uma fórmula para construir uma educação de qualidade sem profissionais qualificados. E, nesse processo, o professor é visto como peça-chave. Sem remuneração adequada e bons planos de carreira para a categoria, será difícil mudar a realidade da sala de aula. A escola precisa atrair talentos e pessoas motivadas. E para isso é necessário investir na formação e na valorização para que a área se torne atrativa.

Segundo a Unesco, a média salarial do professor da educação básica, em 2006, era de R$ 927, com grandes variações nos estados chegando a R$ 635 (Nordeste). O rendimento é bem menor do que o de outras carreiras que também exigem formação de nível superior. Hoje, o país investe 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) na área, segundo dados mais recentes do Ministério da Educação. O investimento aumentou, mas ainda estamos muito longe dos padrões dos países com uma educação de melhor qualidade. É um assunto que precisa ficar claro nas prioridades de um governo.

Gazeta de Cuiabá, 26/08/2010 - Cuiabá MT

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