segunda-feira, 19 de julho de 2010

Adaptação determina sucesso

Prazos, novos processos e adequação da família exigem atenção de profissionais no exterior
DE SÃO PAULO
 
 
Falta de cooperação dos colegas, problemas com o idioma, não adaptação à nova função. É grande a lista de barreiras que dificultam a vida do executivo no exterior. Ser parte do time na empresa e conseguir vencer os obstáculos do dia a dia são essenciais para o sucesso do profissional em outro país, argumentam especialistas. Às vezes, são dificuldades pequenas, transponíveis com paciência. "Entrar para o "networking" de um norte-americano leva mais tempo [do que para o de um brasileiro]", diz o diretor de marketing da Bic para países emergentes, Carlos Avila, 43, que está nos EUA desde 2007. Prazos, geralmente, não são diferentes apenas nas redes de relacionamento. O hábito de permanecer por mais tempo no escritório, em jornadas maiores, pode ser visto como falta de produtividade -e exigir esforço dobrado para solucioná-lo.

No dia a dia, sobram empecilhos a vencer. Trâmites para alugar casa e escolher o tipo de conta bancária eram simples no Brasil, mas exigiram tempo do vice-presidente de serviços globais da BRQ, do setor de tecnologia, Rafael Santa Rita, 34, há três anos em Nova York. "É completamente diferente", conta ele, assinalando que a adaptação "não foi das mais complicadas". Em geral, as companhias facilitam o processo -oferecem curso sobre a cultura do país de destino e auxílio para resolver pendências como documentação e aluguel. Algumas permitem viagens exploratórias, para mapear os locais em que o profissional deseja se instalar. O CEO da Logicalis Southern Cone, de tecnologia, Rodrigo Parreira, 44, foi à Argentina. "Objetividade é importante. A escola [da filha] decidiu o local em que fomos morar."

MAIS ITENS - Não basta pensar no próprio bem-estar. Para os executivos, ele só será obtido com os familiares adaptados. Executivo da Dalkia, da área de energia, Alexandre Mussallan, 40, faz uma peregrinação com a família, desde 2003, pelo Oriente Médio. Tem passagens por Emirados Árabes Unidos e Bahrein, acompanhado da mulher. Na Arábia Saudita, contudo, a parceira teve de abandonar trajes ocidentais e usar burca, além de enfrentar falta de convívio com nativos. "Conseguimos um benefício que permitia viajar uma vez a cada três meses para outro país", diz Mussallan.
 
Folha de São Paulo, 18/07/2010 - São Paulo SP

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