quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Análise: Financiamento Estudantil (FIES) é uma dívida de valor que deve ser utilizada

Uma dica para o jovem que já está ou entrará no FIES e que esteja trabalhando e se atentar à importância de poupar, isto é, guardar parte do dinheiro que está ganhando

Por: Reinaldo Domingos (*)



Grande parcela dos jovens que não consegue ingressar no ensino superior em função da falta de condições financeiras. Infelizmente se observa uma grande distorção com as universidades estaduais e federais sendo ocupadas em sua maioria por jovens que tiveram a oportunidade de estudar em um colégio privado de melhor qualidade e os jovens dos colégios públicos não conseguem competir em igualdade. Por mais que se tenham as cotas, o resultado é que a maioria das vagas das universidades públicas fica com os estudantes com maior renda e quem os estudantes com menor renda ainda necessitam arcar com faculdades particulares.

Com isso se inicia outro problema, pois este aluno de menor renda ainda terá que arcar com o valor das mensalidades, o que leva às dificuldades em pagar uma universidade privada, e consequentes dívidas ou evasão escolar. Na busca de reverter esta desigualdade, possibilitando aos jovens que não têm a mesma chance de obter o conhecimento a ter acesso aos cursos superiores, o Ministério da Educação concede o crédito estudantil com a chancela FIES – Financiamento Estudantil.

A cada ano o governo vem melhorando e desburocratizando o acesso a este instrumento de apoio à educação, tornando-o uma grande oportunidade para que a desigualdade de acesso seja diminuída. Até brinco que deviam mudar o nome de Financiamento Estudantil para Investimento Estudantil, pois, com certeza esta linha de crédito é uma dívida de valor, pois agrega um valor imprescindível, o conhecimento.

Além de ser uma dívida de valor é importante ressaltar o baixíssimo juros cobrado pelo Governo Federal 3,4% ao ano, ou seja, 0,29% ao mês. E, para melhorar ainda mais esta oportunidade, o FIES possibilita uma carência de dezoito meses após o término do curso superior para que se inicie a amortizar (pagar) a dívida, dando ao jovem a oportunidade de ingressar em sua área de atuação e conseguir saldar em suaves prestações que se estendem em até três vezes o período do curso. Por exemplo, em um curso de quatro anos, o aluno iniciará a pagar as parcelas após dezoito meses de sua formação, tendo doze anos para pagar. É um longo tempo, porém, muito válido pela baixa prestação que, em média, será um terço do valor da prestação mensal do curso financiado.

Uma dica para o jovem que já está ou entrará no FIES e que esteja trabalhando e se atentar à importância de poupar, isto é, guardar parte do dinheiro que está ganhando. Para se ter ideia, se um jovem resolve guardar uma quantia aproximada de R$ 350,00 mensais até a data que pagará a primeira parcela do financiamento, a possibilidade de quitar o financiamento é grande, visto que os juros serão no mínimo o dobro do cobrado no FIES. É preciso aproveitar a oportunidade e guardar dinheiro para o sonho de quitar o financiamento, não se esquecendo de outros sonhos.

O FIES é uma ótima ferramenta de mudança em nossa sociedade, pois os jovens com benefícios como esse começam a ter acesso à instrução e a educação é a grande ferramenta para desenvolvimento de nossa sociedade. Também é importante utilizar esta oportunidade para que o jovem inicie o hábito de administrar o dinheiro corretamente.

Veja pontos para melhor entendimento do FIES:

- Não precisa estar matriculado em uma instituição de ensino superior para solicitar a inclusão no programa, possuindo assim, baixíssima burocracia, e não necessitando de fiador;

- A faculdade escolhida deverá ter nota acima de 3 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE);

- A principal vantagem deste programa são os juros baixos de 3,4% ao ano, 0,29 ao mês, muito abaixo dos praticados no mercado;

- Se o aluno poupar aproximadamente 50% do valor da mensalidade, terá grande chance de quitar o financiamento quando for pagar a primeira prestação do FIES;

- O pagamento da prestação do financiamento será o equivalente a 2/3 do valor da prestação do curso;

- O estudante terá que pagar uma pequena parcela a cada três mês durante o curso de R$ 50,00;

O prazo de financiamento será sempre três vezes o prazo total do curso exemplo: para um curso de quatro anos o financiamento será de doze anos. 

As inscrições no FIES podem ser feitas em qualquer época do ano pelo site do programa e ainda o aluno poderá financiar de 50%, 75% até 100% do valor do curso.

Os candidatos que têm 60%, ou mais, da renda familiar mensal bruta per capita comprometida com a mensalidade podem pedir financiamento de 100%. Estudantes com comprometimento de renda igual ou superior a 40% e inferior a 60% podem pedir financiamento de 75%. Já alunos com comprometimento de renda igual ou superior a 20% e inferior a 40% podem financiar 50% da mensalidade.

É importante que o aluno faça a opção pelo curso correto, que agregará valor em sua vida, pense que após o termino do mesmo terá uma dívida de longo prazo, é o mesmo de pagar por aquilo que não utilizará.



Reinaldo Domingos - educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Eu mereço ter dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país.



Fonte: Portal Administradores
27/02/2014

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