domingo, 5 de agosto de 2012

Três protagonistas, um futuro singular

Os pesquisadores Ray Kurzweil e Neil Gershenfeld e o prodígio David Dalrymple apostam na singularidade tecnológica. Você sabe o que isso significa?

O que dizer de um jovem que, aos 14 anos de idade, era mestrando do MIT e realizava a proeza de ser pesquisador do Media Lab, sonho que acalentava desde os 8 anos? Essa é parte da história de David Dalrymple, formado em computação e matemática e doutorando, agora aos 20 anos, em neurociências na Harvard University. Para ele, a singularidade é um momento factível.

O garoto-prodígio intuiu que poderia unir o pensamento de Neil Gershenfeld e Ray Kurzweil, gênios da tecnologia. Tudo começou quando o menino, ainda aos 8 anos, leu When Things Start To Think (ed. Owl Books), de Gershenfeld, e passou a se corresponder com ele, que é diretor do Center for Bits and Atoms do MIT.

Naquele mesmo ano, Dalrymple foi levado por Gershenfeld à Casa Branca, a fim de demonstrar um aparato que tinha construído com peças Lego. Na ocasião, o menino conheceu o futurista Kurzweil, que criara o primeiro sintetizador de texto para voz. No ano seguinte, aos 9 anos, ele acompanhou Kurzweil como palestrante das famosas conferências TED sobre tecnologia, entretenimento e design.

Antes de se formar na faculdade, aos 13 anos, Dalrymple foi assistente de Kurzweil na Singularity University. No doutorado, é orientando de Gershenfeld. O jovem conseguiu enxergar, talvez antes do que todos os demais, a convergência entre as visões dos dois pensadores, que podem assim ser resumidas:

• Gershenfeld: os computadores entrarão em colapso e se tornarão parte da realidade.
• Kurzweil: a realidade como a conhecemos entrará em colapso e se tornará parte dos computadores.


Entre bits e átomos, nenhuma fronteira

Os pesquisadores acabaram concordando com seu aluno precoce. Em reportagem publicada por ieee spectrum, Gershenfeld disse que havia considerado que ele e Kurzweil caminhassem em direções opostas, já que “ele desenvolvia inteligência artificial e mundos virtuais, enquanto eu estava interessado na inteligência natural dos sistemas físicos”, mas que percebia que eles não previam futuros diferentes.

Ele ainda acrescentou: “Estejam os computadores fundidos à realidade ou a realidade fundida aos computadores, o resultado é o mesmo: a fronteira entre bits e átomos desaparece.”

Ultrapassar limiares, nesse sentido, remete à ideia de singularidade como fenômeno tecnológico, para o qual existem muitas definições. Kurzweil, em seu livro The singularity is near: when humans transcend biology (ed. Penguin Books), definiu-o como “um período futuro no qual o ritmo da mudança tecnológica será tão rápido e seu impacto tão profundo que a vida humana será irremediavelmente transformada”.

Será uma época em que os conceitos nos quais nos baseamos para dar sentido à vida e à morte serão transformados. Nossos limites físicos serão transcendidos e não haverá diferença entre o humano e a máquina.

Para a maioria de nós, eis aí algo bastante difícil de imaginar, e tanto Kurzweil como Gershenfeld lançarão luz sobre o tema durante o Fórum HSM Novas Fronteiras da Gestão, que será realizado nos dias 21 e 22 de agosto, em São Paulo.

Enquanto se estuda o futuro, procura-se melhorar o aqui-e-agora. Gershenfeld, por exemplo, criou os FabLabs, uma rede mundial de laboratórios que rompem os limites entre o físico e o digital. Neles, máquinas de última geração e tecnologias digitais criam objetos, produzem outras máquinas e fazem experimentos. O FabLab-SP está em implantação em parceria com a FAU-USP.

Quanto ao singular Dalrymple, enquanto desenvolve um software que simula o cérebro de um verme, tem os pés fincados no presente. Dedica-se à fotografia e à música e não se esquece de ajudar a comunidade. Já realizou diversos trabalhos voluntários e até criou um aparato de leitura para deficientes visuais.


Fonte: Portal HSM
05/08/2012

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