segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Nove princípios para viver no caos

Organizações precisam se apropriar de um novo modo de entender seus negócios com o impacto da tecnologia e da Internet


As inovações disruptivas provocarão efeitos exponenciais sobre as pessoas, a sociedade e as organizações. E, embora estejam atentas, as empresas ainda não se mostram preparadas para essa realidade, que será abordada por Joichi Ito, diretor do Media Lab do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), durante a próxima HSM ExpoManagement, que acontecerá de 5 a 7 de novembro, em São Paulo.

Um dos tópicos da apresentação de Ito no evento será explicar por que a inovação em redes abertas é a única maneira de sobreviver e prosperar em mercados caóticos e incertos. Em recente entrevista à Wired, ele destacou “Os nove princípios do Coming Chaos”, que, em tradução livre, o Portal HSM apresenta:


1.    Resiliência em vez de força: capacidade de se adaptar sem sofrer fortemente impactos organizacionais.

2.    Puxar os recursos em vez de armazenar e controlar: compartilhamento e cocriação são fundamentais.

3.    Tomar os riscos em vez de se concentrar na segurança: é preciso interpretar o futuro na hora de tomar decisões.

4.    Focar o sistema em vez de objetos: capabilities, recursos e processos que possibilitem uma vantagem competitiva sustentável.

5.    Ter boas bússolas, não mapas: a ideia de que existe um destino, não uma trilha, muda a forma de elaboração e execução de estratégias.

6.    Trabalhar na prática e não na teoria: a forma como o executivo trabalha e se organiza passa a preponderar em relação a planos e procedimentos.

7.    Desobediência em vez de conformidade: tomar decisões em relação a rotinas, rumos e adaptações.

8.    A multidão em vez de especialistas: estamos em rede e contribuições tecnológicas e inovações podem estar em qualquer lugar.

9.    Foco na aprendizagem no lugar da educação: transformação do objeto, das pessoas e das corporações em vez de conteúdo.


Analisando os ensinamentos de Ito

Para Fernando Serra, diretor acadêmico da HSM Educação, se pensarmos no efeito da miniaturização que pode fazer um chip chegar ao tamanho de uma célula, podemos imaginar o impacto sobre a longevidade das pessoas, nas companhias de saúde, na carreira de profissionais, nas relações trabalhistas e nas seguradoras. “As teorias de base de administração ainda não conseguem mensurar, tampouco nos auxiliar, sobre a influência da Internet e das mídias sociais. A cocriação ainda está engatinhando e muda os modelos de negócios profundamente”, explica.

O acadêmico aponta que a tecnologia levou a uma diminuição de custos e acesso a novas possibilidades para múltiplas empresas, inclusive para as de pequeno porte, que podem se tornar globais com a utilização correta de ferramentas da Internet, em especial as redes sociais. Apesar de as companhias perceberem este impacto, ainda não contam com legislação, modelos de negócios e de relações de trabalho adequados ao mundo de hoje e ao que vem pela frente.

Se pudesse dar uma sugestão às empresas, Serra diria para se concentrarem não somente em best practices, que é a grande pressão de curto prazo, mas que olhem para as next practices, com o objetivo de procurar compreender qual será o impacto sobre o negócio, os consumidores e o planejamento no futuro.

Outra recomendação do especialista é que as organizações passem a entender a Internet, assim como novas mídias e tecnologias, não apenas sob o aspecto departamental, mas como algo que permeia toda a empresa e que não pode ser restrito aos setores de tecnologia da informação, marketing ou vendas. “Trata-se de algo integrado, que afeta todas as vidas e sistemas do negócio”, explica.

Mesmo com recursos, corporações de grande porte ou estabelecidas no mercado ainda engatinham ao lidar com os desafios da tecnologia para os seus negócios. “É mais do que uma via de mão dupla, é uma situação complexa. As estruturas, ferramentas de gestão e pessoas ainda não estão preparadas. As organizações de porte precisam encarar esses aspectos de forma estratégica e como um todo. As empresas menores e da geração Y vão aprender à base de tentativa e erro”, comenta Serra.

Neste cenário, ele aconselha os executivos a combinar as visões de curto e longo prazo, a ponto de entender que as práticas fundamentais de hoje talvez precisem ser substituídas anos depois. Paralelamente, as prováveis soluções de amanhã devem ser testadas desde já. Citando os autores Jim Collins e Morten T. Hansen, Serra diz que a inovação precisa ser testada, medida e implementada. Ainda, destaca que ela dever ter coerência com o todo e com as pessoas envolvidas.


Fonte: Portal HSM
20/08/2012

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