Os rankings sobre inovação provocam uma importante discussão: é possível medir qual empresa é mais criativa e inovadora no mundo? Para alguns especialistas, essas posições, divulgadas anualmente na mídia, atendem a um desejo do ser humano de tentar ordenar e hierarquizar produtos, pessoas e organizações. Para isso, lançam mão de um conjunto de critérios definidos a partir de padrões e interesses dominantes.
Silvio Abrahao Laban Neto, doutor em administração de empresas pela FGV e professor e coordenador geral dos programas de MBA do Insper, afirma que os rankings mundiais tendem a ser polêmicos e reducionistas. O próprio conceito de inovação também é mal compreendido, de difícil definição e reconhecimento. Assim, determinar posições de empresas inovadoras é uma tarefa bastante controversa e complexa.
Ao mesmo tempo, as empresas listadas neste ano no ranking da revista Fast Company, conforme divulgado na edição 87 da revista HSM Management, podem ser consideradas inovadoras em 2011 em relação às outras. Mais difícil do que identificar as corporações com melhor inovação é ranqueá-las, uma vez que se tratam de indústrias distintas e que atuam, muitas vezes, em mercados não comparáveis.
O que será dessas empresas citadas pela Fast Company nos próximos anos? Na avaliação de Silvio Laban Neto, é difícil saber. Apenas três delas, Apple, Google e Amazon, estão entre as 10 mais inovadoras de 2010, e somente 14 se mantiveram na lista das 50 mais inovadoras!
É importante lembrar que rankings têm defeitos e limitações, porém possuem sua importância. Assim como a inovação, os rankings devem ser analisados e utilizados com parcimônia e equilíbrio.
As 10 empresas mais inovadoras do mundo no ranking da Fast Company – Apple, Twitter, Facebook, Nissan, Groupon, Google, Dawning Information Industry, Netflix, Zynga e Epocrates – foram reconhecidas pelo uso da tecnologia na oferta de produtos e serviços ou na criação de novos modelos de comunicação e interação.
Exceto pela Nissan, conforme destaca o professor de MBA do Insper, as empresas têm em comum a utilização da tecnologia da informação, particularmente da internet e das mídias sociais, oferecendo serviços e produtos relacionados a conteúdo e à interatividade. Tudo para se aproximar dos consumidores.
O sucesso da Dawning Information Industry também está relacionado à tecnologia da informação, porém na ponta da oferta de equipamentos. A Nissan emprega tecnologia, mas voltada a oferecer um produto acessível e que se utilize de uma fonte renovável de combustível: a eletricidade.
Para Marcelo Aidar, professor e coordenador-adjunto do Centro de Empreendedorismo da FGV, não é possível transformar a inovação em números, sendo inoportuno falar em rankings mundiais. Ao mesmo tempo, vamos reconhecer que é incontestável a afirmação de que a Apple, em 1º no ranking, inovou completamente em design, tecnologia e modelo de negócios.
As empresas consideradas mais inovadoras realmente provocaram ruptura na forma de gestão das ações, e não apenas na área tecnológica. Um bom exemplo é a Netflix, que revolucionou o sistema de buscar os DVDs em casa, sem o pagamento de multas.
O sistema da Netflix pode não ter a mesma tecnologia da Apple, mas se destacou de forma inovadora na logística para a distribuição dos filmes. Além disso, para Aidar, a empresa Amazon deveria estar entre as 10 primeiras do ranking de 2011, e não apenas na 27ª posição, por ter gerado uma ruptura no modelo de vender livros, com tecnologia avançada.
É importante lembrar que as empresas têm em comum a oferta de produtos e serviços relevantes para os consumidores, por meio da tecnologia. Neste sentido, podemos considerar que, em 2011, as corporações souberam antecipar tendências e oferecer soluções ‘inovadoras’ que foram, estão sendo ou serão adotadas pelo mercado.
Mas definir posições em um ranking já se torna um processo tendencioso e talvez duvidoso porque inovação não é algo para se quantificar, diferentemente do faturamento anual de uma empresa.
Fonte: Portal HSM
29/08/2011
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