segunda-feira, 16 de abril de 2012

Jeitinho brasileiro de fazer acontecer

Grandes nomes, grandes lideranças. Confira como foi o Painel de CEOs no encerramento do primeiro dia do Fórum HSM Gestão e Liderança 2012

Betania Tanure, psicóloga, doutora em Administração pela Brunel University e professora do Programa de Pós-Graduação da PUC-Minas, mediou o Painel com CEOs que trouxe como tema o jeito de ser e de fazer negócios de empresas brasileiras excepcionais.

Antes de começar o debate com os convidados Ozires Silva, que fundou e presidiu a Embraer e passou pela Varig e Petrobras, Cledorvino Belini, Presidente da Fiat e Chrysler para América Latina, e Luiz Seabra, fundador da Natura, Tanure apresentou alguns tópicos revelantes de pesquisas realizadas em empresas brasileiras que dão certo.

A professora enfatizou a importância de se reconhecer estratégia, estrutura e processos como dimensões mais racionais da organização, e liderança, cultura e pessoas como o lado mais emocional.

“Nossas pesquisas indicam que os executivos brasileiros dizem que o seu foco principal são pessoas, cultura, liderança. Porém, poucos agem assim. Enquanto não encararmos esta questão de frente, as vantagens competitivas das organizações brasileiras estão comprometidas”, afirmou.


É possível copiar a estratégia?

Cledorvino Belini afirma que sim. “A gente tenta dizer que não, mas sempre temos como conseguir a informação estratégica do concorrente”.

Para Luiz Seabra, à medida que as empresas crescem, às vezes essas soluções acabam se repetindo nas organizações. “A cultura acumulada precisa prevalecer”.

Já Ozires Silva acredita que mapear processos do concorrente sob o ponto de vista interno é mais difícil, mas é possível. É preciso olhar para fora, mas posicionar o nosso cliente. Ou seja, copiar estrutura, estratégia e processos do concorrente é razoavemente fácil, mas “não é nesta dimensão que constrói a sua vantagem competitiva para ter um desempenho razoável”.

Cheiro igual ou diferente?

Ao ser questionado por Tanure sobre a possibilidade de se copiar a cultura, a liderança e as pessoas da Natura, Seabra foi categórico. “O cheiro do lugar é a cultura da empresa. Esta é uma vantagem competitiva sustentável ou uma desvantagem. É aí que mora o grande desafio dos líderes das empresas”.


Tempero Agridoce

Tanure explicou que o cheiro das empresas brasileiras tradicionais está acocorado nas características principais da cultura brasileira. E apresentou dados de uma pesquisa realizada com mais de 160 mil pessoas, que aponta três fatores principais que impactam a gestão:

Autoritarismo/Centralização – jeito de ser da empresa brasileira continua sendo autocrático, por mais que o jeito de fazer tenha mudado ao longo dos trinta últimos anos.

Relacionamentos / Afetividade – a paixão que as pessoas colocam afetivamente nas empresas. “O lado sombra deste traço que ocorre com muita freqüência é a dificuldade de dar um feedback claro, de reconhecer a meritocracia”.

Flexibilidade – alguns chamam de jeitinho brasileiro. A capacidade de mudar rapidamente, ainda que a indisciplina seja um lado negro no Brasil.

Para a professora, estas três características fazem o cheiro da empresa brasileira.


Resultados Empresariais

Em alguns pontos os debatedores alinharam as experiências e concordaram que empresas bem sucedidas olham os resultados empresariais.

“A ambição é algo que puxa o desenvolvimento. A obediência deve ser substituída pela disciplina individual. O apoio e a confiança sustentam tudo isso. Este é o modelo das empresas brasileiras de desempenho excepcional”, declarou Tanure.

A professora explicou que isso é o que ela chama de “agridoce”. “Tem o lado difícil, desafiador, de decisões duras. Este tempero o líder deve gerenciar ao longo de sua vida gerencial”.


Janela de Oportunidades

Ozires Silva ponderou que estamos vivendo num mundo mais acelerado e de mudanças que a humanidade jamais viu. Existe uma enorme janela de oportunidade. Se o mundo acredita em nós, vamos fazer com que isso realmente aconteça, vamos dar o melhor de nós. Há muito coisa por fazer.

Entre as muitas lições trazidas pelos CEOs no painel Brasil Presença na Gestão que Dá Certo, Seabra afirmou que a razão de ser é o exercício do nosso modo de pensar e sentir sistematicamente.

“Isso vai melhorar a nossa empresa e a nossa vida também. É se perceber habitando um mundo e ser capaz de bem cuidar do nosso país”.

Para Belini, as equipes passaram a trabalhar de formas diferentes, produzindo produtos da forma como os clientes desejam com inovação, tecnologia, qualidade e performance.

“Isso tem sido a chave da empresa”. Ozires fechou o painel enfatizando que acredita fortemente nas pessoas e que é preciso gerar confiança entre elas.

Regras claras: como éticas, transparências se constroem em ambientes de confiança. Para ele, é preciso acreditar na união e entregar o coração para o que se faz.

“A paixão de vencer e de ser vitorioso é que muda tudo. É preciso levar significado para a vida das pessoas. Por mais difícil que pareça, tudo é possível”.


Fonte: Portal HSM
16/04/2012

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