quinta-feira, 3 de maio de 2012

Antropologia nas redes sociais: o fator humano

Até agora, o estudo do social e da cultura resultava em dois tipos de dados: “superficiais” sobre muitos (estatísticas, sociologia) e “profundos” sobre poucos (psicologia, psicanálise, antropologia, história da arte). Com o crescimento das mídias sociais, juntamente com as ferramentas que dão acesso e processam uma quantidade gigantesca de dados, se tornou possível uma nova abordagem para o estudo dos seres humanos e da sociedade. Não precisamos mais escolher entre quantidade de dados ou profundidade de dados. Para que generalizar, confiar demais na intuição ou usar o “chutômetro” quando se pode estudar padrões culturais exatos formados por milhões de conteúdos culturais entrelaçados em fluxos infinitos e constantes? Através das redes sociais e ferramentas com funções de monitorar, medir, filtrar e cruzar dados, pode-se obter informações mais exatas e segmentadas, além de acompanhar  a imaginação de milhões de pessoas; as imagens e vídeos que elas criam ou comentam; as conversas em que estão envolvidas; as opiniões, ideias e sentimentos que expressam.

As tecnologias da informação estão passando por um importante processo de mudança. Estamos em transição das máquinas para a informação categorizada,  classificada, inteligente, indexável.

(…) poderia dizer que há duas maneiras básicas pelas quais os computadores modelam a realidade – por meio de estruturas de dados e algoritmos – também podem ser aplicadas às mídias assim que são representadas digitalmente. Em outras palavras, uma vez que as novas mídias são dados digitais controlados pelo software “cultural” específico, faz sentido pensar em qualquer objeto de nova mídia em função de estruturas de dados específicas e/ou algoritmos específicos que ele incorpora. (MANOVICH, 2005)


Ferramentas de métricas, monitoramento e análise de tendências

Usar uma ferramenta para coletar dados das redes sociais não é sinônimo de estudo. É necessário uma equipe especializada para monitorar e analisar o conteúdo. A cada dia surgem atualizações e mudanças, o que faz com que tudo seja substituível. As ferramentas fornecem os dados quantitativos, mas a qualidade vem do trabalho da análise desses dados:
Coleta de dados -> Filtragem de dados -> Qualificação de dados -> Análise de dados -> Insights

Para facilitar a pesquisa, existem diversas ferramentas online que possibilitam enxergar dados específicos e vê-los em forma de gráficos para análises e insights. Abaixo, uma lista com algumas essenciais:

1. Trendistic: poderosa ferramenta que analisa e apresenta as comparações de tendências e volume entre palavras-chave e tags no Twitter.



2. IceRocket: permite aos usuários monitorar em blogs as últimas tendências da palavra dentro de uma escala de um a três meses.


3. Social Pulse: uma rede que filtra top notícias e top influenciadores ao redor do mundo.


4. Google Trends: mostra os mais populares termos buscados em um passado recente. A ferramenta apresenta gráficos com a freqüência em que um termo particular é procurado em várias regiões do mundo, e em vários idiomas.


5. Trendrr: se parece muito com o Google Trends porém possibilita fazer análises mais completas e dinâmicas. Além das análises, é possível compartilhar seus gráficos para que outros usuários analisem também as informações.


Nós somos as máquinas

A mídia social tem levado a uma proliferação do controle do indivíduo. Estamos, mesmo sem perceber, nos transformando em motores de busca especializados em indivíduos. Estamos nos tornando adeptos a coletar conteúdos, a partir de uma variedade de fontes, incluindo as nossas comunidades, conversas, assinaturas de RSS e o Google. O que fazemos depois é absorver todas essas informações, analisá-las e, então, decidir o que vale a pena compartilhar com nossos círculos sociais. Os motores de busca já não detêm o melhor conteúdo. Nós é que detemos. E essa é a razão pela qual o futuro da pesquisa, monitoramento, análise de tendência e métricas reside no ser humano, e não na máquina. Nós podemos determinar o que pode ser interessante e importante para nossos seguidores. Não há algoritmo que pode levar em conta a autoridade e gosto subjetivo de um tema, contexto, relevância, espontaneidade e interesse pessoal em troca do melhor conteúdo. Isso é um trabalho que nós já assumimos.

Por Gil Giardelli com colaboração de Samanta Fluture


Fonte: Blog HSM
03/05/2012

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