segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Trainees, estágios e a relação custo-benefício

Companhias reveem programas para elevar o índice de retenção de talentos

Larissa Linder


Meninas dos olhos do setor de Recursos Humanos de muitas empresas, programas de trainee têm sido abandonados ou remodelados em outras. A recrutadora Perfil de Talentos contabilizou queda de 60% na procura pelos trainees nos últimos dois anos. Entre os motivos apontados está o alto custo, às vezes com resultados insatisfatórios por diversos fatores. O diretor da consultoria Hay Group, Rolando Peliccio, atribui a tendência à baixa retenção desses jovens. Para algumas companhias, ter estagiários é mais barato e vantajoso.

Uma das pioneiras nas mudanças foi a Rhodia. Há oito anos, só estagiários podem se candidatar às vagas de trainee. “Temos a chance de conhecer melhor as pessoas, e elas, de nos conhecerem durante o período do estágio”, explica Sueli Campos, gerente de RH. A concorrência na Rhodia é alta: 170 estagiários disputam 10 vagas. A seleção é como qualquer outra, com entrevistas, provas e dinâmicas de grupo, mas o desempenho como estagiário tem peso fundamental. “Antes, tínhamos uma diversidade de perfis muito grande. E o fato de alguém ir bem numa dinâmica não quer dizer que tenha a ver com a empresa.” Na Microsoft Brasil, os programas também são vinculados. A empresa tem cerca de 70 estagiários, mas a taxa de efetivação é baixa, já que a subsidiária tem um perfil de vagas sênior. O recurso para não desperdiçar talentos é a abertura de sete vagas de trainee por ano, às quais só estagiários podem concorrer. O diferencial em relação a outras empresas é que o trainee já entra com função definida, em vez de saber o que vai fazer só no fim do treinamento.

A Redecard deixou os trainees de lado e hoje efetiva quase 100% dos estagiários. “Temos mais tempo de moldá-los de acordo com os valores da empresa”, diz a diretora-executiva de RH, Elizabete Vabo. Para especialistas, não há receita única, tanto nos programas de trainee quanto no de estágios. “Ambos têm suas vantagens e em geral é aconselhável mantê-los. Mas é preciso analisar a necessidade e o perfil de cada empresa”, diz Renato Ferreira, consultor de RH e doutor em Administração pela FGV.
 
O Estado de São Paulo, 21/08/2010 - São Paulo SP

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