Márcio Dias, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em logística, explica porque é preciso formar profissionais com visões mais estratégicas
Em entrevista para o Portal HSM, o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em logística, Márcio Dias, explica que o acelerado crescimento econômico do país tem demandado profissionais capazes de gerar inovações que tornem os processos de logística mais competitivos e sustentáveis para as estratégias de marketing das empresas. Confira:
Como o aumento da competitividade no mercado nacional tem influenciado os processos de logística?
Hoje em dia temos um consumidor mais exigente e isso, sem dúvidas, tem forçado as empresas de logística a encontrar novas formas para melhorar a qualidade de seus serviços, provendo investimentos em tecnologia e em qualificação de mão de obra.
Em quais aspectos a logística ainda é falha no Brasil?
Na minha visão, há dois aspectos principais. Primeiro, nós temos uma concentração muito grande de cargas sendo transportadas por caminhões, e pouquíssima disponibilidade para transporte aquaviário e ferroviário. Na década de 1950, por exemplo, o Brasil tinha 35 mil quilômetros de malha ferroviária e hoje só tem 30 mil, com previsão para construção de apenas mais cinco mil quilômetros até 2020.
Em segundo lugar, é preciso que as empresas estimulem a qualificação de seus profissionais para que eles partam de atividades puramente operacionais para as mais estratégicas.
Quais devem ser as competências de um profissional da área de logística no mercado atual?
Independente da formação, um profissional de logística deve ter uma visão holística da empresa e nunca uma visão umbilical. É preciso que ele tenha conhecimentos para integrar a área com os demais departamentos da organização, conhecendo e sabendo respeitar as particularidades de cada equipe.
Como a logística pode ajudar para que as atividades organizacionais se tornem mais competitivas?
A logística, quando bem realizada, além de reduzir custos interfere diretamente na percepção que o cliente final tem da empresa. Por exemplo, se e uma empresa tem um processo de abastecimento de estoque confiável, consequentemente a produção se tornará mais eficiente e o produto final terá uma qualidade diferenciada.
Como é a relação de marketing e logística nas empresas?
O Brasil de hoje está unido pela distribuição de produtos e as atividades de marketing ganharam um alcance muito maior, mas cujos objetivos dificilmente são alcançados sem que haja o controle da logística.
Qual é a maior dificuldade encontrada para a integração destas áreas?
Enquanto marketing é movido à velocidade, a logística é uma atividade que tem uma característica mais lenta, porque enfrenta muitas restrições físicas. Quantas vezes tomamos conhecimento de uma promoção no domingo à noite pela TV e quando chegamos ao ponto de venda, no dia seguinte, a promoção ainda não está lá? Por isso, digo que hoje, uma das principais características do profissional de logística é ter uma visão estratégica capaz de administrar o timing de cada área.
Como você atribui a importância da logística em cada um dos 4 P's – produto, preço, praça e promoção - do mix de marketing?
Esses quatro aspectos devem nortear todas as atividades da logística. É preciso saber quantos SKU (unidades de manutenção de estoque) o produto possui, os prazos de entrega prometidos, quem são os intermediários na distribuição, os pontos e times das divulgações e evitar perdas para reduzir custos que possam interferir no produto final.
Quais serão os desafios para que as empresas brasileiras melhorem seus processos de logística tornando-os mais competitivos nos próximos anos?
São mudanças que passam por aspectos culturais das empresas, como estímulo à inovação e à formação de competências. Além disso, o país necessita de políticas públicas que melhorem os processos de distribuição que hoje não acompanham o desenvolvimento da economia.
Fonte: Portal HSM
24/11/2011
24/11/2011
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